Nas mágoas da solidão
A solidão: uma das palavras mais aterrorizadoras e atroz na vida de uma pessoa. Mas depende. Tudo depende da forma como se encara essa “solidão”. Viver sozinho não é necessariamente sinónimo de solidão, de angústia. Há que saber viver. E, principalmente, saber estar bem com o nosso próprio “eu”. Há momentos em que por mais pessoas que estejam à nossa volta sentimo-nos sós, tristes, perdidos na multidão. Eu, por exemplo: adoro estar rodeada de gente, nomeadamente daqueles por quem eu tenho uma grande estima, por aqueles que admiro, mas há momentos em que sabe tão, mas tão bem estarmos sós, pensarmos, reflectirmos. Repito: há que saber viver. Sabe tão bem chegarmos a casa, ao sossego do nosso lar, aconchegante. Respirarmos fundo e sentir a paz que paira à nossa volta como também sabe bem chegar a casa e ouvirmos as tão maravilhosas gargalhadas daqueles de quem gostamos, para uns as gargalhadas dos próprios filhos para outros as gargalhadas da pessoa que para sempre nos vai acompanhar. A nossa mãe. Eu gosto de a ver sorri. Eu até gosto de ouvir as minhas próprias gargalhadas. Há quem me chame de louca. Mas se isto é ser-se louco, então eu quero morrer de loucura.
Está escuro.
Sinto-me só.
Procuro-me em toda a parte,
mas não me encontro.
Volto a procurar,
mas nada.
Nem um sinal.
Não quero estar só.
Ao mundo vou gritar para saberem da minha existência
E gritei,
mas não ouviram.
E voltei a gritar,
mas nada.
Nem um sinal.
Posso até viver sozinha, mas nunca me vou sentir só.
Está escuro.
Sinto-me só.
Procuro-me em toda a parte,
mas não me encontro.
Volto a procurar,
mas nada.
Nem um sinal.
Não quero estar só.
Ao mundo vou gritar para saberem da minha existência
E gritei,
mas não ouviram.
E voltei a gritar,
mas nada.
Nem um sinal.
Posso até viver sozinha, mas nunca me vou sentir só.
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