A negra transparência dos teus olhos
A negra transparência dos teus olhos
fizeram-me sonhar,
fizeram-me acreditar.
Não devia.
Mas sonhei. Mas acreditei.
Um rosto de menino, o teu
mas de menino nada tinhas.
A cinzas tudo ficou.
Nada,
nada restou.
Nem lembranças,
nem conquistas.
Simplesmente a dor de já não te ter.
Fugiste,
fugiste sem nada dizer.
Hoje estou aqui,
assim:
no meio do deserto
rodeada pela multidão
que me faz enlouquecer
que me destrói o coração.
De alma aberta
de braços erguidos,
espero por ti, aqui.
Assim: imóvel para te ver chegar
e te abraçar. Sorrir
e voltar a sonhar.
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