terça-feira, agosto 10, 2004

Amor

Peguei nas tuas mãos, e elas ficaram junto das minhas, enquanto nos olhávamos. Os teus olhos transmitiam o oceano. O oceano em que um dia iríamos navegar. As tuas mãos tão suaves, faziam-me sonhar, entrar nas mais belas recordações e ficar assim, como se tivesse hipnotizada. E tu não dizias nada. Deixavas com que eu continuasse a viver esse mundo de breves instantes, um mundo à parte, só meu. Tu percebias. Tu conseguias entender o que eu estava a viver. E sorrias. E olhavas para mim e continuavas a sorrir, um sorriso terno e duradouro. Um sorriso, apenas um sorriso que teve a capacidade de me fazer acordar. Senti que o que estava a viver não era, não podia ser, um sonho. As mãos, o olhar e o sorriso... era tudo tão real. Tudo me fazia estremecer. Os teus olhos brilhavam, o sorriso permanecia intacto e as mãos, as mãos continuavam a ser suaves mas que ao senti-las junto das minhas, tinham a força de me fazer parar. Eu gostava de olhar para ti. De te ouvir. De te sentir e ver que realmente eras tu. Ficámos de mãos dadas, assim como para sempre.
Decidimos caminhar, e o silêncio acompanhava-nos incondicionalmente. Éramos só nós. Eu, tu e o silêncio. Caminhámos juntos pelo infinito. À descoberta. Não sei o que poderia ser. Não sei o que procurávamos. Mas era algo. Algo que nos fazia ficar assim: unidos. Deveria ser algo muito maravilhoso, mas a verdade é que no momento a única certeza que tínhamos é que era algo inimaginável. Não sabíamos se era algo que se pudesse tocar, sentir , pegar. Tudo era estranho, mas também tudo estava a ser perfeito, algo digno de um sonho inacabável. E eu estava feliz. E essa contradição de sentimentos faziam com que tudo não fosse apenas poeira, fazia com que tudo não ficasse em cinzas, fazia com que eu me apercebesse que algo tão contraditório só quisesse significar uma coisa: vida. Eu estava a viver, aquilo não era, mesmo, um sonho. E isso trouxe-me uma felicidade incalculável. A tua pele macia, fazia com que eu ficasse a acariciá-la eternamente. Éramos um só. Só poderia ser. Ambos éramos feitos das mais belas gotas que durante anos caíram em terra firme. Os nossos cabelos eram dignos do mais magnífico tesouro jamais encontrado. A nossa pele parecia ser feita de seda. E os nossos olhos, de cores diferentes, tinham a mesma doçura. Éramos tão iguais que tanta igualdade fazia com que fossemos tão diferentes. Quando eu dizia sim, tu dizias não. Era sempre assim. Iguais. Mas cada um com um toque especial. E era esse o toque que nos fazia ser diferentes. Diferentes um do outro. Diferentes do mundo e para com ele. E era assim que nos sentíamos bem.
Caminhámos , caminhámos ... caminhámos horas a fio. Nada nos fazia parar. Aquela vontade louca de procurar algo estava a se apoderar de nós. E sem nos apercebermos estávamos cada vez mais obcecados por essa “coisa” que nem nós sabíamos o que era. Era uma coisa tão simples, mas só a descobrimos com o passar do tempo. Foi o tempo que nos deu a resposta e essa era tão óbvia que demorou tempo a ser descoberta. Procurávamos a felicidade. E nela estava contida o nosso amor.
Hoje somos felizes e amamo-nos de uma maneira tão especial, que queremos para sempre ficar assim. Enrolados um no outro. Como um só. O teu e o meu corpo passaram a ser apenas um. Vá, não digas nada, vamos ficar assim. Para sempre.