sexta-feira, agosto 27, 2004

Marioneta do amor

Gota a gota foste construindo o meu olhar. Recriaste-me. Com todo o teu jeito fizeste de mim: tua escrava. Prisioneira do teu corpo. Nascida simplesmente para escutar as palavras que soavam de mansinho. Era marioneta nas tuas mãos. Tu gostavas. Deixavas tudo para te dedicares completamente ao meu rosto, às minhas expressões, ao meu sorriso até mesmo à maneira como eu te olhava. Tu gostavas. Recriaste-me tal e qual como tu querias. Só podias gostar. E eu desviava o olhar, rebaixava-me. Pertencia-te. Era objecto para ser utilizado. Por ti. Só por ti. E tu tocaste-me. Estremeci. Deixei que o fizesses, mas tive medo. Tanto medo de te perder naquele instante. E assim foi. Tu amaste-me como nunca ninguém me tinha amado. E furiosamente destruíste-me. Deixaste-me caída naquele chão frio da sala. As gotas foram-se espalhando. Tu já não vias ninguém. Já não me poderias amar novamente. Já não conseguirias perder horas do teu tempo a olhar para mim, porque eu já não existia. Tu recriaste-me. Tu mataste-me.

1 à janela:

At 28/8/04 3:38 da tarde, Blogger almaro disse:

…e tu renasceste, porque olhaste, porque ao de leve em sofrer, mas em querer levantaste o olhar e viste. Sentiste o momento de ambos ou só de um ou de cada um. Agora tudo será diferente. O verbo Dar será conjugado com outros tempos e com outras formas, porque as cores em que te pintaste, criaram, outro Eu. Como as ondas do mar, que vão e vêm, assim são os sentires. O mar é sempre o mesmo, as ondas, é que nunca são iguais, nem a praia, nem a areia, nem os olhos que os vêem...

 

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