terça-feira, novembro 16, 2004

Sentir... (2)



O momento tinha chegado e a ânsia de o ver era cada vez maior. Tinha chegado ao local certo na hora que estava marcada. Sentou-se. Os seus olhos estavam, constantemente, fixados na porta, na esperança de o ver entrar.Já todos tinham chegado, todos menos ele. Aquela cadeira vazia à sua frente começava-a a irritar profundamente. Era estranho. Sentia a sua presença e, no entanto, ele não estava. Todavia, o seu olhar não deixaria de estar entre o relógio e a porta. O tempo passava. Ele não vinha. Parecia incrível, ela, que tanto hesitara, se deveria ir ou não, estava lá: perante a realidade; perante os factos. Mas que interessava ela ter ido, se ele, cobardemente ou não, deixara-se ficar: sem a querer ver; sem a querer confrontar. Ficou triste, desiludida. Após ter tomado a coragem para o ver; a coragem necessária para sentir... ele, ele não tinha aparecido. O seu olhar doce, estava triste e assim foi para casa. Triste. Calma , no entanto. O seu coração estava como se adormecido. Não sentia. Já nem dúvidas tinha, as certezas, essas, também desapareceram. Nada, nada ficou. Não sabia o que sentir, não sabia o que fazer. Estava, agora, sozinha. Olhava em volta e já nada lhe dizia. Tinha que pensar, tinha que saber o que fazer. Tinha que sorrir, mesmo que a vontade fosse chorar. Tinha que viver, mesmo sem ele. Não tinha objectivos, mas tinha que os criar. Não tinha vontade para ver o mundo, mas teria que o encarar. Nada a motivava a não ser... um telefonema, uma palavra daquele que ela teria que esquecer. Sentia frio, arrepiada por pensar nele, mas era inevitável, uma música, um gesto, uma palavra, um sorriso, tudo a fazia lembrar daquele olhar de menino, que não o era.

Pensou nele pela última vez, deixou cair uma lágrima, e esboçou um sorriso.

Pegou na mala e saiu. Agora tudo seria diferente.
Era o começo de uma nova vida...

PS: imagem de autor desconhecido.


11 à janela:

At 16/11/04 10:47 da tarde, Blogger lique disse:

Quando nada mais há a esperar, só se pode mesmo começar uma nova vida. Mesmo com uma lágrima teimosa. beijinhos, Sara

 
At 17/11/04 10:59 da manhã, Blogger SL disse:

Vai lá a casa e lê o "Vou deixar-te" ou o "Precisava dele", o teu texto parece uma continuação...encaixa na perfeição...é uma boa cumplicidade!
Jinhos, fiquei fascinada com o teu texto...

 
At 17/11/04 7:09 da tarde, Blogger mar revolto disse:

...
"Hoje é o primeiro dia
Do meu futuro
O dia um sem ti
Já não te procuro
Hoje vou ser feliz
Longe daqui
Vou começar de novo
O DIA UM SEM TI!!!!"

Por mais que custe, nada é por acaso..., certamente saiu-te a sorte grande!
Um beijo

 
At 17/11/04 8:16 da tarde, Blogger VdeAlmeida disse:

Estás a escrever cada vez melhor, Sara. Bonito, gostei muito :-) Beijinho

 
At 18/11/04 12:28 da manhã, Blogger Sara Mota disse:

=))

Um beijinho, levado pelo vento, a todos ;P*

 
At 18/11/04 2:34 da tarde, Blogger Micas disse:

Às vezes necessitamos mesmo que as lagrimas caiam, todas as que tem que cair, como que para nos libertarmos e assim começar uma vida nova. Gostei imenso deste texto. Beijinho

 
At 18/11/04 4:13 da tarde, Blogger o rapaz disse:

o peido esteve aki a contaminar o teu blog :D anda-te peidar no meu :p

 
At 18/11/04 7:04 da tarde, Blogger Sara Mota disse:

a verdade é que parece ser preciso cair para depois , ao levantar, levarmos a vida com uma outra força...

;)

 
At 18/11/04 8:51 da tarde, Blogger Monalisa disse:

Nada como uma bofetada de realidade para acordarmos e seguirmos em frente, não é?
Beijos

 
At 19/11/04 1:52 da tarde, Blogger A.S. disse:

... Que no teu rosto se dissipe esse véu / E retorne a luz serena e nua / A esse rosto astral da cor da lua / E aos olhos astrais da cor do cèu.

Fica com um beijo

 
At 20/11/04 5:16 da tarde, Blogger Sara Mota disse:

:)***

 

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