quinta-feira, julho 28, 2005

Novo amor

           Liberto-me destes sentimentos que, por tanto tempo, permaneceram em mim. Quero renascer. Preciso de renascer. E, este novo olhar, que redescobri, é perfeito. Sublime. É o olhar que deixei, em tempos, escapar. Ah, que olhar. Que sensação de liberdade cruel, que pensamentos libertinos, ah, que poder tem esse olhar: que me faz rir; que me faz, de novo, viver. Não posso, por isso, mais uma vez, te perder. Vou prender-me a esse olhar; vou habitar, toda a vida, em ti. Permite-me esta ousadia. Permites?

           És daqueles deuses raros, difíceis de encontrar. Que generosidade a tua em te mostrares, a mim. Só a mim. Que pureza, que ternura - a tua -, que espírito, que beleza... Ah, mas esse olhar... Que olhar! Que ser, tu, por quem foi tão fácil me apaixonar.

           Hoje, em tempo presente, não posso permitir mais nenhuma fuga. Vou juntar-me a ti. Vou agradecer a tua existência. Quero esquecer as lágrimas que derramei; quero esquecer aquela dor, tão forte, que me pareceu que seria eterna; quero deixar de pensar em tudo o que me fez sofrer. Quero viver! Quero, apenas, viver este novo amor... !

sexta-feira, julho 22, 2005

Parabéns, Júnior!

O Júnior faz hoje 2 aninhos!! O meu bebé... sniff!



Foto de família, tirada há dois anos!

A Dálmata, Scala, que está deitada, com os cachorrinhos em cima dela, é a irmã deles. Filha da primeira ninhada. O Outro (o grande) é o pai!
O meu Júnior é o que está em cima da mana, Scala, e com a cabeça para baixo, e basta olhar para o focinho, e ver as pintinhas à volta do nariz! :D



Foto tirada hoje. 22/07/2005

Adoro-o... !

segunda-feira, julho 18, 2005

Ó poesia sonhei que fosses tudo
E eis-me na orla vã abandonada
Uma por uma as ondas sem defeito
Quebram o seu colo azul de espuma
E é como se um poema fosse nada.



In Sophia de Mello Breyner Andresen, Antologia, Mar

quarta-feira, julho 13, 2005

Há sempre um novo olhar

Os seus olhos perderam o brilho, quando chegou ao restaurante e ele ainda não tinha chegado. Respirou fundo e decidiu sentar-se. Estava uma noite bonita, apesar do frio que se fazia sentir lá fora.
Há quinze minutos que esperava, inquieta, por ele. Olhava, invariavelmente, para o relógio, assim como para a porta. O tempo custava a passar. Decidiu, então, retocar a maquilhagem. Colocou a sua mão, delicada, dentro da mala, na tentativa de encontrar, no meio de tanta confusão, o seu batom rosa claro. Pintou os seus lábios finos que estavam, agora, ainda mais atraentes e convidativos. Mas, antes de regressar à sua mesa decidiu ligar-lhe. Marcou o número, que não estava gravado, mas que ela sabia de cor, e esperou, nervosa, que ele atendesse.

_ Francisco…?!

Do outro lado da linha, Madalena só ouvia uns gemidos que lhe provocaram um nó forte na garganta. Mas, mesmo assim, voltou a repetir o nome dele e, mesmo que não obtivesse resposta, dizia-lhe o que queria dizer.

_ Francisco, estou aqui, no restaurante que tu escolheste, à tua espera. Estás atrasado uma hora, mas eu ainda estou e ficarei aqui até tu chegares.

E, do outro lado, uma voz feminina murmurou cruelmente:

_ Francisco?? [risos] O Francisco está demasiado ocupado para deixar de fazer o que está a fazer e ir, a estas horas da noite, a um restaurante ter com uma mulher louca e esfomeada que não vê um homem há séculos.

Madalena ficou seca por dentro. Estagnada, em frente ao espelho, deixou deslizar o telemóvel, que tinha nas mãos, acabando por ficar inerte no chão.
A única coisa que pensou é que só podia ser a Matilde. Uma ex-colega sua e do Francisco. Uma menina mimada, embirrenta e gorda que sempre teve inveja dela. Os anos passaram e Madalena nunca mais se encontrou com Matilde, que se deveria ter tornado numa mulher muito apelativa. Afinal, ela até tinha um rosto engraçado, não fosse o facto de ser (muito) gorda e de ter um ar irritante. Porém, ultimamente, o Francisco falava, algumas vezes, nela, dizendo o quanto ela tinha mudado; na bela morena, sardenta, de corpo escultural e de olhos grandes: pretos. Mas, Madalena não era uma mulher ciumenta e acreditava, fielmente, no amor de Francisco.

Olhou, de novo, para o espelho. Viu, nele, a sua imagem reflectida. Não se achava feia, antes pelo contrário. Era nova, um ano mais nova que o Francisco e que a Matilde. Tinha uma postura firme, embora tivesse um ar ingénuo de menina, delicada.
Madalena amava o Francisco desde os tempos da primária. Tinha 24 anos – ele 25 – e namoravam há já dez anos. E, era isso que custava. Era duro perceber o porquê de toda aquela situação. Mas, apesar de tudo, Madalena reagiu bem. Olhou-se, pela última vez, ao espelho. Sorriu.

Sentou-se na mesa que lhe estava reservada. E, de passos firmes, ia-se aproximando um homem, que a olhou nos olhos e de voz prudente e sensual disse:

_ Uma jovem donzela, tão bonita, não pode jantar sozinha. Posso sentar-me e fazer-lhe companhia?

Madalena, inconscientemente, deu uma gargalhada tímida e, em seguida, respondeu:

_ Pode…

sábado, julho 02, 2005

Falar baixinho

E porque hoje o blog é bebé – faz um aninho – vamos falar baixinho:

Posso falar baixinho
Para te ver adormecer
Beijar-te em silêncio
E sorrir, por te ter

Posso falar baixinho
Admirar-te, enquanto te olho
Enquanto dormes
No meu ninho

Ahh,
Como posso falar baixinho,
Numa só voz
Escoar lembranças
E voar no teu lugar
Para poder falar…
Falar baixinho

Sussurrar-te as mais doces palavras
Fazendo-te arrepiar
Mesmo quando sei que estás a sonhar

Falar baixinho
Para que não me possas ouvir
Falar baixinho
Para que, assim, te consiga dizer: amo-te