segunda-feira, outubro 31, 2005

Mudanças II

É de noite.
Atira-se para a cama e deixa-se lá ficar, estendida. Fecha ligeiramente os olhos e pensa na sua vida. Quando, em seguida, vê-se a interrogar: mas que vida? Esta em que os sentimentos mudam à velocidade da luz?; em que me sinto feliz por ser quem sou e, minuto depois, odeio viver neste corpo, neste ser imundo de indecisões?
Que vida? A minha que se enrola e desenrola, se faz e desfaz?; que num momento sorri e depois afoga essa felicidade com a dor das minhas lágrimas?
Que vida é esta?! Como se pode chamar de vida a esta mudança de sensações, de horas passadas em rios de lágrimas, desperdiçadas, perdidas?

Ainda na cama, encontra-se imóvel, de olhos cerrados, cravados no mundo que a incomoda e que a faz ser tão infeliz.
Sente-se cansada de ser quem é; tem raiva da rotina que leva, da "vida" que lhe foi atribuída.
Quer secar as lágrimas, para sempre; atirar-se ao rio; viajar num fio de loucura. Quer fazer tudo o que é censurável; quer amar o proibido e viver sobre o perigo. Quer deixar de sonhar e passar a viver. Arriscar. Deixar de perder e passar a ganhar.
Ah, que loucura, que convicção tão prepotente.

De madrugada, acaba por adormecer em tamanhos desejos. E, na manhã seguinte, acorda impetuosa, capaz de vencer o mundo e disposta a ser quem quer ser; a viver sem instruções, sem regras pertencentes ao politicamente correcto.
Hoje, sente-se bem com a vida que arranjou para si, agora, só espera que essa felicidade dure por muito mais tempo...

sexta-feira, outubro 28, 2005

Mudanças

Beijo docemente esses lábios que há muito que me perturbam. Envolvemo-nos num silêncio que se torna deliciosamente belo. Fechas os olhos e tentas ir em busca do meu ser e, através do meu perfume, encontras-me. Segredamos os dois, de corpos juntos, e sentimos o calor dum do outro assim como o humedecer do meu corpo que escalda nas tuas mãos. Sinto que serei tua para sempre. Sorrio por te ter encontrado, por te ter aqui, junto de mim, sem nunca o ter desejado intensamente. Sinto-me estranha por esta mudança de sentimentos; sinto-me perdida quando penso que me és especial assim como um outro alguém, um dia, me foi muito especial, também. Atordoa-me como se pode amar mais que uma pessoa. Penso nisto tudo e acabo por concluir que cada um consegue ser especial à sua maneira; que ninguém será esquecido e que todos podem ser eternos. A vida começa agora a tomar um outro rumo e eu... Eu sinto que te começo amar.

sábado, outubro 22, 2005

Nós

Com um compasso de ouro
Traço a nossa amizade de fogo
Nascida
Para ser sempre sentida

E no teu olhar
De menina Cinderela
Vejo o nosso mundo
A sair lá do fundo.
Renasce o passado
E as histórias vividas
Que são agora as nossas alegrias

Vejo-te partir mais uma vez
Sorrio e deixo uma lágrima escorrer
Afinal,
É por um ano que não te vou ver.

À menina dos olhos d'água (PP)

A Yara nasceu em Luanda, onde vive com os seus pais e o seu irmão mais novo. Os avós vivem cá, em Portugal, onde geralmente vem passar as férias grandes. Apesar da distância, nunca me senti longe dessa menina tão loirinha e tão doce. E como me lembro como eram os nossos dias quando estávamos juntas; das brincadeiras... do teu medo com o "cão mauzão" da rua... E chegado o mês de Outubro, lá partias tu, de novo, para a tua Terra Natal. E lá tinha eu que esperar por mais um ano...

E em Junho de 1993 foi assim:



A Yara faz anos dois dias depois de mim, mas nesse ano comemorámos os anos duma da outra na mesma festa. Aliás, nesse ano acho que chegaste a Portugal no dia do teu próprio aniversário (19 de Junho).
E, lamentavelmente, fotos tuas só tenho desse dia.

O tempo passa muito rápido e nós já não nos víamos há 3 anos...

E no dia 1 de Outubro de 2005 foi assim (no Colombo):





E em três anos muita coisa muda, e a Yara estava tão diferente... Linda, mas diferente. Foi um grande dia, este, mas passou rápido e uma semana depois lá partiste para Maputo...

Enfim,
uma coisa é certa, os sentimentos não mudam seja qual fôr a distância que nos separa fisicamente.
Gosto mesmo de ti, Yara.
Um beijo e até para o ano. :)

quinta-feira, outubro 20, 2005

PP ou PNP

ACTUALIZAÇÃO (a partir de 15/11/2005) : actualmente este post já não tem efeito, uma vez que apenas os posts com estrutura de "diário" é que são caracterizados: PP.

A partir de hoje todos os posts que sejam de carácter pessoal terão entre parêntesis (ao lado do título do post ou onde me der mais jeito) a designação de "PP", Post Pessoal.
Todos os outros posts (mesmo que contados na primeira pessoa), que tenham as letras "PNP" será um Post Não Pessoal.

O motivo desta atitude acho que todos percebem qual é.

(Com o tempo, todos os posts arquivados serão, também, caracterizados com as letras "PP" ou "PNP") E é claro que vão haver alguns PNP de carácter duvidoso, mas isso já é outra história... :P

Nota: Os Poemas não terão qualquer tipo de indicação. Ou seja, nesse caso, não haverá PP nem PNP.


Sem mais assunto,
tenham uma boa tarde,
Sara M. (AmigaTeatro)

terça-feira, outubro 18, 2005

A filosofia de Murphy

"Sorria, amanhã será pior"

Se querem encontrar mais coisas simpáticas (como esta) vão aqui:
Lei de Murphy

sábado, outubro 15, 2005

Ser imperfeito

Arranco todas as folhas que contam a minha vida, que demonstram o ser imperfeito que eu sou. Faço destruir tudo o que me possa, um dia, denunciar. Queimo os sentimentos escritos em folhas de papel antigas.
Pretendo que tudo o que existe de mim se evapore e que nada reste, nem mesmo a capacidade de amar.
Aos poucos, tudo vai ficando em cinzas. Tudo, menos aquilo que eu sinto; menos as minhas lembranças; menos os meus amores, ódios, alegrias e desilusões.
Tudo pode ser destruído, menos aquilo que se encontra dentro de mim. É poderoso demais e, por mais que eu queira, não me consigo libertar de mim própria.
Acabou. De tudo o que existia, só eu e as minhas lágrimas sobraram.
A minha imagem invade o espelho. Não me reconheço. Os meus olhos, cor de mel, dizem que eu tenho que voltar a nascer, que só assim me posso, verdadeiramente, conhecer.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Tu

Percorro o som da tua voz e deixo-me seduzir por ela.
Os cabelos vão-se soltando e acompanhando o vento e eu permaneço intacta, observando e admirando essa tua voz, esse teu poder de me reconquistar sempre que queres.
E a tua vida murmura-me, agora, para que entre nela como se fosse minha. Temo em lhe obedecer, mas, passe o tempo que passar, não te consigo resistir. Deixo-me cair na tua vida. Entrego-me. E, agora, só para mim, cantas e me embalas e eu, nos teus braços, deixo-me adormecer.

terça-feira, outubro 04, 2005

A leve brisa do vento vai fazendo com que todas as ruas fiquem cobertas por um manto de folhas de Outono. Vou rodopiando naquele chão macio, enquanto as palavras vão penetrando aquele chão e aninhando-se no meio do conforto das folhas outonais.
Quero-as de volta, mas elas cansaram-se desta minha inconstância, destes meus sentimentos repentinos e passageiros.

Sigo caminho até casa, esquecendo-me que parte de mim me abandonou, naquela floresta.

As lágrimas vão caindo sobre o meu rosto que, lentamente, vai ficando humedecido. Decido olhar para trás e ver o que lá ficou, e vejo que as palavras me perseguem e que, firmes, me dizem:

“Não desistas, que nós não te deixaremos”

Sorrio. Não desisto e sigo caminho.

domingo, outubro 02, 2005

A minha escrita depende dos meus Sentimentos

Escrevo.
Escrevo quando estou apaixonada; quando me sinto feliz ou terrivelmente melancólica; quando o meu coração dispara uma raiva demolidora, capaz de intimidar a palavra mais atroz. Escrevo para libertar todos estes sentimentos que se contradizem. Sentimentos de extremos que são, muitas vezes, substituídos por palavras como “amo-te” e “odeio-te”. Escrevo pela Vida, escrevo pela Morte.

E quando a única coisa que sinto é uma tranquilidade enorme, o que escrevo? Não há palavras que não sejam sofridas. Não se consegue escrever palavras suaves, doces que demonstrem esta calma potente e, de certo modo, enriquecedora. Assim, não consigo manusear as palavras de forma a expressar esta serenidade que me acompanha. Espero, por isso, que ao sossego se junte mais alguns sentimentos que me façam pegar num lápis e não parar mais de escrever.