sábado, julho 31, 2004

Adoro-vos

Ontem foi um dia para não esquecer, adorei. Muito. E mais não direi, para não estragar tal dia com adjectivos que não saibam caracterizar tais momentos que jamais irão ser esquecidos. Porque é impossível. Porque não quero.

Bem, adoro , muito, muito mesmo, algumas pessoas que ontem comigo estiveram.

(um post demasiado pessoal, mas fiz questão em escrevê-lo ;)

sexta-feira, julho 30, 2004

Há dias assim

- Em que as palavras são incertas e por vezes inoportunas;
- Em que ficamos prisioneiros de nós próprios;
- Que não conseguimos expressar aquilo que sentimos;
- Há dias que não sabemos a distinção do certo e do errado;
- Há dias de inúmeras questões, questões que existirão sempre sem qualquer resposta;
- Há dias que tudo o que nos parecia banal torna-se em algo demasiado complexo;
- Há dias.....

Bem, há dias assim.

quinta-feira, julho 29, 2004

Escrita

Porquê esta necessidade de querer escrever?
Alimenta.
Transforma a alma
Solidifica as lembranças,
Tornando-as eternas.
Junto letra a letra
Mas nada consigo construir
Nem frases de amor
Nem palavras de afecto.
Nada.
Nem uma opinião
Nem uma mensagem.
Não sei escrever. Mas quero fazê-lo.
Pois não quero para sempre
Ficar fechada neste pequeno novelo
Novelo do fracasso
Da angústia pelo mesmo,
Neste novelo do ódio e da traição.
Não! Eu não quero fazer deste novelo
O meu coração.
Mas afinal,
Porquê esta necessidade de querer escrever?

terça-feira, julho 27, 2004

As palavras que eu nunca te direi

Não te digo. Nem nunca te direi. Ficarão para sempre escritas em simples papeis, não passarão de rascunhos, rascunhos que nunca irão ser passados a limpo. Não te dou o meu amor. Não quero. Não te dou as minhas lágrimas. Pequenas gotas, que caiem silenciosamente pelo meu rosto. Não quero amar ninguém. Esquece-me! Que eu ficarei aqui. Perdida entre as memórias. Que eu ficarei aqui. No meio de palavras, das palavras que eu nunca te disse nem nunca te direi. Com ou sem significado, escrevi-as, só e somente, para ficarem assim: escritas. Amo-te. Embora não o devesse. Não compreendes nem queres aceitar que te amo. Que te amo tanto. E isso destroi-me. Odeio-te por isso. E esta contradição de sentimentos, fazem mexer com o meu coração; com esta caneta, quase sem tinta; de diferenças o mundo é feito. Nós somos diferentes. Fazemos parte do mundo. Mas não entendes ou não queres entender. Achas que as diferenças são para se manterem separadas. Eu não acho.

São palavras. Simplesmente palavras.
Agora não tenho coragem,
Mas um dia, talvez um dia,
Eu te consiga dizer, tudo o que aqui escrevi.

Não quero, mas o que posso fazer?! Amo-te.

segunda-feira, julho 26, 2004

No desespero dum sonho

De passos indecisos avancei muito lentamente. Olhei em meu redor e um silêncio profundo reinava por aqueles lados. Mas de repente esse silêncio quebrou-se. Acho que o assustei com o meu próprio medo. Foi uma leve brisa que entrou pela aquela janela, daquele quarto vazio e escuro, onde as cortinas, feitas de velhos trapos já esburacados faziam estremecer, faziam com que o silêncio fosse interrompido por breves instantes. Tive medo. Mas afinal, eram “esses instantes” que me faziam sentir que não tinha sido esquecida. E não tinha. Mas eu pensava que sim, pois estava só. Completamente só. Naquele pequeno mundo, quadrado e sem luz, sem um toque de felicidade. Era o meu mundo. Um mundo escuro repleto de medos e angustias. Um mundo sem cor. Era o meu quarto. Mas essa aragem acabou. Como se tivesse sido limpa de uma tela. Sentei-me a um canto, e encolhi-me, encolhi-me muito e de cabeça rebaixada, chorei, chorei muito, chorei até não mais puder....
E acordei. Acordei com um beijinho da mamã que me deu um abraço tão profundo e carinhoso que me fez ficar assim. Abraçada para sempre naqueles braços de mãe que tanto calor me davam. Que me fizeram sorrir, por saber que estava protegida. Limpei as lágrimas, mas ainda soluçava. Depois de alguns instantes abraçadas, senti que era amada, até porque.....
A mamã disse:
.... Foi só um sonho.... um sonho mau.

domingo, julho 25, 2004

Lágrimas de vidro

As lágrimas não caem,
os sonhos já não existem
Da vida à morte
só vai um passo.
Peço perdão.
Não há desculpa!
Nego a verdade
explicita na realidade.
Estou no mundo da solidão,
presa pelo teu olhar,
condenada!
Condenada por te amar.
O meu coração já não sente o teu,
os meus olhos já não vêem os teus.
Adormeci.
Estatelada na cama,
penso que já não existo.
Sou apenas um ser sem alma
que não quer mais acordar.
Deixei de viver,
para só te amar.
Acordei. Mas não queria!
Este mundo não é o meu,
esta realidade não é a minha.
Agora estou aqui.
Velha. Cansada.
Por ter vivido sempre só para ti.
Deixei de viver,
deixei de querer,
deixei de contrariar
e passei aceitar...

sábado, julho 24, 2004

Carta de Amor

Lisboa, 14 de Fevereiro de 2004*

João Vasco,
Nome que nunca irei esquecer… nome com 1001 significados…
João, tu sabes, mas eu não me importarei de o repetir as vezes que for preciso, tu és a pessoa mais especial para mim! Foram tantos os anos que estivemos lado a lado, tantos anos mas foram poucas as palavras, também nunca foram precisas, bastava o olhar terno e doce com que nos olhávamos e estava tudo explicado, olhos nos olhos era como sempre nos encontravam, e ao olharmos fixamente um no outro, um sorriso de ambas as partes renascia. És a pessoa mais doce, mais mágica, que algum dia pude encontrar, foste a única pessoa que em um simples olhar percebia tudo aquilo que eu queria dizer, Amo-te como jamais disse a alguém que a amava, fazes parte de mim, e mesmo, apesar da distância que nos separa, mesmo a vida que parece que pretende que não nos cruzemos mais, amar-te-ei , amar-te-ei para toda a minha vida. Ambos nos encontramos com 16 anos, mas é desde os 7 que a paixão surgiu, mesmo quando dizíamos a alguém que gostávamos um do outro e que ninguém acreditava, ou simplesmente fazia torça pela idade que tínhamos e pela convicção que demonstrávamos, nunca deixamos de sentir o que sentíamos… aos 10 anos, pareceu que a vida já nos queria separar, e assim ficamos distantes , durante 2 largos anos… a saudade foi imensa, e o desejo de te ver era cada vez maior, o querer olhar de novo para os teus olhos e não poder , estava a sufocar-me. Finalmente, passados 2 anos, a nossa vida cruzou-se de novo e ao olharmos de novo pela primeira vez , durante uma eternidade que pareceram ser esses “apenas” 2 anos, voltei a ser feliz, como deixei de o ser, desde que nos deixamos de ver.
Continuámos como dantes, como se nada se tivesse passado, continuámos a “falar” apenas com um simples olhar, nunca encontrei ninguém assim e sei que nunca irei encontrar. João, tu não és apenas um amor de primária, mas sim, de alguém que eu amei e que continuo amar. Alguém que mesmo que nunca mais torne a ver, será sempre alguém que nunca irei esquecer.
Isto visto por outro ser humano, não deve passar de algo lamechas e ridículo, mas que podemos nós fazer se o nosso amor é assim?! É um amor diferente, mas nós também sempre fomos diferentes da sociedade que nos rodeia, nunca precisamos de gritar nem nunca precisamos de nos ofender.
Agora, com 16 anos, podíamos ter crescido, e o amor ter-se esquecido , ter sido apagado pelo tempo, e apenas terem ficado as lembranças, mas não foi isso que aconteceu, crescemos, é verdade, mas com o nosso crescimento o amor foi nos acompanhando, ficando assim cada vez mais forte, que a cada segundo, que a cada minuto, a cada dia o nosso amor se torna maior, se torna mais forte para poder ultrapassar todos os obstáculos, todos os problemas que a vida nos pode colocar à frente. É um amor especial, que nem toda a gente consegue entender, mas também, alguém consegue perceber o que é o amor?!
Amor, amor, amor… João, tu consegues definir o amor?! Eu só sei, se o que há de tão especial entre nós se pode chamar de amor… então o amor é lindo, lindo e inexplicável.
Irrita-me profundamente e solenemente quando quero dizer algo e não há adjectivos suficientes para descrever aquilo que eu tanto quero dizer.
Vasco, é assim que me despeço, sem lágrimas nem tristezas, simplesmente com a confiança necessária para te continuar a amar.

Desta tua sempre apaixonada,
Sara


*mas esta carta, que nunca foi, nem será, enviada, foi escrita em Dezembro de 2003.

sexta-feira, julho 23, 2004

Amor, sem Amor

Esta dor que dá cabo de mim,
sofrimento profundo
e sem fim
É a minha triste sina
que me acompanha nesta vida
Foste embora e nunca mais voltaste
Faço-te perguntas,
mas não tenho as respostas
O meu coração já não é vermelho
de paixão ardente,
mas sim negro,
de ódio puro e restringente
Deito lágrimas negras,
sem brilho , sem amor,
são lágrimas sofridas
de uma vida com dor
Preciso de Ti!
Já não sei o que é amar
e assim , sem ti,
é um constante sofrer
e isto, isto não é viver.

A lei do mais forte

Lutar para vencer
matar para ganhar
odiar,
por e simplesmente com a vontade de condenar.
violência, injustiça e sangue frio
elementos necessários para com a vida acabar.
Intrigante é ver que existe alguém assim
Inadmissível é ver quem concorde
E inacreditável é ver
Que não há ninguém que queira algo fazer
Para isto acabar;
Para neste mundo se puder viver
E saber o que é amar.

O mundo não é perfeito

O mundo não é perfeito,
porque quem o escreveu,
porque quem o desenhou
se enganou.

Quem o escreveu
se esqueceu
de contar a história
de um mundo com glória
Quem o desenhou
se enganou
em vez de um sorriso
uma lágrima colocou
Quem o pintou
Se enganou
em vez de vermelho, de amor
colocou o preto, de dor…

Um sorriso, deveria ser visto,
mas será que alguém o quer ver?!
Tantas lágrimas são deitadas,
que fazem este mundo perder...
E com um toque de magia,
as crianças dão de novo a alegria
O mar bate calmo nas rochas,
E o sol aquece todo o amor,
para que permaneça sempre com belos tons de cor.


(...)

quinta-feira, julho 22, 2004

“leva-me os olhos, gaivota, e deixa-os cair lá longe…”

Leva-me os olhos, gaivota,
E deixa-os cair lá longe
Deixa-me ficar perdida
Entre vales e montes
 
Leva-me os olhos, gaivota,
E deixa-me ver,
Os segredos da vida
Em todos os horizontes
 
Gaivota,
Só tu me poderás guiar
Dos problemas da vida
Em que o mundo se poderá tornar
Voarei contigo, ó gaivota
Numa leve brisa,
Entre actos de amor
E sons de dor
Ponho o coração na mão,
E choro com o que nunca chorei
Somente por ver coisas, que nunca imaginei
 
Ó gaivota,
Não sei se te devo agradecer
Por me mostrares algo que nunca ninguém me mostrou
Ou se te devo culpar,
Por esta minha dor actual.
Dantes sentia-me na multidão,
Hoje vejo que essa mesma não passa da simples solidão
Escondida, entre medos e duvidas
Neste meu ainda pequeno coração.

quarta-feira, julho 21, 2004

Longe, mas no entanto... Quero-te Perto!

Quero-te longe. Muito longe.
Quero deixar de ver essa face;
Esses olhos doces, ternos, sonhadores;
Esse sorriso de menino
E no entanto, essa voz de arrepiar.
 
Os meus olhos já não te vêem
Pois tu já não estás.
Mas o meu coração,
Sente o calor da ultima noite
Mas os meus lábios,
Sentem o sabor ardente dos teus
Mas as minhas mãos
Não esquecem as tuas
Mas...
Mas chega de mas
Sinto-te aqui,
Como se ainda o teu corpo estivesse colado no meu
Como se a loucura de ontem, fosse a loucura de hoje.
 
Quero-te perto. Muito perto.
Quero, para sempre, ver essa face;
Esses olhos doces, ternos, sonhadores;
Esse sorriso de menino
E no entanto, essa voz de arrepiar.
 
Não posso esconder. Já não quero esconder
Este sentimento que se apoderou de todo, de mim
Não sei o que sinto
E se calhar nem quero saber
Só quero sentir
e neste sentimento puder viver.


terça-feira, julho 20, 2004

Amo-te

 
Gosto de ti.
Eu sei que sim.
És a minha certeza
És o meu mundo
És apenas um, mas és um todo,
Um todo que me preenche,
Um todo que eu tanto venero.
Gosto de ti. Assim.
Calmo e prudente
De mãos cheias de tesouro
De olhar puro , encantador.
Tudo é relativo.
Tudo.
Mesmo a verdade, mesmo a certeza.
Mas no amor
A relatividade é esquecida.
Amo-te, tenho a certeza,
Certeza essa que jamais será relativa
Pois no amor,
Ou se ama ou não.
E eu,
Eu amo-te.

Vida Traiçoeira

Pé ante pé
Vagueias pelo mundo
Gritas bem alto
Pelo sofrimento profundo
Pedes perdão.
Estás com medo da solidão.
Mas agora tudo mudou
Já não te quero
Já não te sinto como meu
Não te amo. Não te amo.
Quando te quis
Quando te desejei
Simplesmente fui rejeitada
Simplesmente fui abandonada
E aí fui eu:
Tive medo. Muito medo.
Medo de te perder
Mesmo antes de te ter
Medo de sofrer eternamente
Medo de viver num beco sem saída
Medo, simplesmente, medo.
Agora, tu,
Na planície das magoas
De rosto escondido
De olhar entristecido
Queres de novo puder viver
Queres simplesmente voltar a amar.
Pedes perdão. Pedes de novo perdão.
Perdoou-te.
Mas já não tens lugar no meu coração.
O tempo passou e tanta coisa mudou
Era só para ti que eu vivia,
Se é que isso era viver,
Agora estou aqui, feliz,
Mesmo sem te ter.
Consegui de novo viver
Renasci,Vivi, sempre sem ti

segunda-feira, julho 19, 2004

Caros leitores,
Desde já ficam aqui as minhas desculpas pelo blog ter ficado uma semana ao relento, só e puramente abandonado. O que acontece é que o meu computador foi para arranjar e não deu para avisar, mas agora tudo será como dantes... hehe
 
E para recomeçar aqui vai mais uma “obra-prima” ( risos )
 
Quiseste ser criança
E tudo puder esquecer
Voltar a sonhar
Voltar a viver.
Pelo mundo vagueaste
De olhos arregalados e assustadores
Tinhas medo. Muito medo.
Estavas só e cada vez mais só.
Abri os meus braços
Para os teus puderem caber
Dei-te o meu calor
Dei-te todo o meu amor.
Corri perigos por ti
Tudo te dei
Sem nada pedir em troca
Apenas te queria aqui
Bem junto de mim.
Fui até ao outro lado do mundo
Para te trazer o que tanto desejavas
Pois não aguentava
Te ver chorar nem por mais um segundo.
Amo-te e para sempre te amarei
Sofro e por ti sofrerei
E por fim,
Estou aqui
Cansada, a olhar para ti
E embora o tamanho
Continuas um menino
Que para sempre irás precisar de mim.
És tudo e tudo serás!
És meu filho.
E eu, sou a pobre mulher,Tua mãe.

domingo, julho 11, 2004

Coragem escondida

O não saber o que fazer
é o pior de todos os males
Destrói por dentro.
Ninguém vê.
O querer escrever,
e não saber.
Tento. Volto a tentar.
Mas não,
não vai dar.
Desisto.
Abro as mãos
Tudo entrego. Não.
Não posso entregar nada
porque na verdade nada tenho.
Nem talento,
nem perspicácia.
Inútil, é o que sou.
E, por isso, nunca ninguém me amou.

Errado é pensar assim,
pois de certo, um talento, há em mim.
Não vou desistir. Não posso desistir.
De sorriso simples, terno mas sofredor
subo a escadaria da coragem
e grito. Grito mais alto. Volto a gritar.
Toda a gente olha para mim
e, de discurso rápido mas coerente,
digo o que tenho a dizer:
a incerteza,
é a certeza para o insucesso
O não tentar
faz com que tudo acaba
mesmo antes de começar.

E fico assim,
de olhos postos no mundo
com coragem para vencer,
faço um sorriso duradouro e profundo.

O Mar

Que dia. Poderia ter sido melhor, é certo. Mas nada é perfeito, não é?! Pois é.
Tive o meu primeiro dia de praia. Senti-me tão, mas tão bem. Há muito que não via o mar. Eu gosto do mar. Dá-me uma tranquilidade enorme. Sentir aquela brisa a passar pelos meus cabelos. Gosto daqueles ares.
Eu já por mim, sou uma pessoa sonhadora, mas o mar… esse, esse exerce um puder sobre mim. Avisto o mar, e de imediato a minha imaginação começa a funcionar, sem dar por isso já estou no mundo dos sonhos, mas de repente acordo. Não me arrependo. Logo a seguir o sonho continua. Sinto uma paz enorme dentro de mim, o mar tem esse efeito. Tranquiliza, “refresca” a alma. Gostava de viver, onde fosse só e somente necessário abrir a porta e pronto… de caminho directo para esse “fenómeno” (sim, algo tão poderoso, só pode ser um fenómeno. É assim que eu o vejo) da natureza que tem tanto “peso” sobre mim.
Gostei do dia. E como nenhum dia é igual ao outro, espero que a minha próxima “viagem” ao sítio que me faz sentir bem, seja uma viagem ainda melhor que esta.

sexta-feira, julho 09, 2004

Inconstância



Inconstância

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
FÉ igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...


- Imagem de: Picasso
- Poema de: Florbela Espanca

quinta-feira, julho 08, 2004

Remorsos

Gota a gota
tudo vai passando
Fica somente uma marca inapagável
que nos mói a cabeça,
mas principalmente o coração.
Uma marca que nos condena
que nos aprisiona para todo o sempre.
Que nem o tempo,
que nem uma vida
apagará.
Pouco a pouco
somente a presença existe
A alma, essa vai sendo destruída.
Lentamente. Muito lentamente.
A dor é cada vez maior.
O sofrimento é cada vez mais sufocante.
E vamos caindo, caindo pela calçada,
pelos longos matos verdejantes,
pela terra que nos viu nascer,
Crescer e agora…
… que nos vê a morrer.
De imagem abstracta
um aspecto sujo e rudes
transforma aquele,
aquele que um dia foi um ser humano.
Por ter sido quem foi:
é que viveu o que viveu
é que sofreu o que sofreu.
Foi pelos remorsos,
que morreu.

quarta-feira, julho 07, 2004

Pensamento

"Para os erros, um perdão; para os fracassos, uma nova “chance” ; para os amores impossíveis... tempo."

será que se pode confiar neste tipo de "frases feitas" ? não sei.

A negra transparência dos teus olhos

A negra transparência dos teus olhos
fizeram-me sonhar,
fizeram-me acreditar.
Não devia.
Mas sonhei. Mas acreditei.
Um rosto de menino, o teu
mas de menino nada tinhas.
A cinzas tudo ficou.
Nada,
nada restou.
Nem lembranças,
nem conquistas.
Simplesmente a dor de já não te ter.
Fugiste,
fugiste sem nada dizer.
Hoje estou aqui,
assim:
no meio do deserto
rodeada pela multidão
que me faz enlouquecer
que me destrói o coração.
De alma aberta
de braços erguidos,
espero por ti, aqui.
Assim: imóvel para te ver chegar
e te abraçar. Sorrir
e voltar a sonhar.

terça-feira, julho 06, 2004

Num banco de jardim

Acordei. Tu não estavas, até porque, nunca estiveste. Estava só. Completamente só. Espreguicei-me e sorri, e por meros instantes fiquei assim, a sorrir. Estava feliz. Feliz? Sim, feliz. Vesti-me num minuto, mas fiquei horas a olhar para o espalho, horas a sonhar acordada. De repente “acordo”, e assusto-me com a minha própria figura. Olho pela última vez para aquele objecto que transmite uma imagem, a minha imagem. Dou os últimos retoques, pego na mala, abro a porta e depois fecho-a.
Tudo igual, nada mudou. A mesma correria, os mesmos olhares cansados e por vezes rancorosos. Vou andando. Ando. Ando. E tantas são as acções de egoísmo, que os meus próprios olhos vêem. Não posso crer, mas é verdade. Desiludo-me e arrependo-me de ter saído de casa, da minha casa, do meu mundo, do mundo onde ainda se sonha, do mundo onde ainda se é feliz. Quase que choro. Viro a cara e um “outro mundo” eu encontro, “o mundo das crianças”, é sem dúvida o mundo mais puro, mais alegre, um mundo onde a imaginação, amizade e a solidariedade reinam. Fico feliz. Mas logo dá-me um arrepio enorme, quando penso que eles também crescem e, certamente, irão passar pela mesma correria, irão ter os mesmos olhares cansados e por vezes rancorosos, irão tomar actos de egoísmo. Fico parada a tentar perceber como é possível tantos sorrisos se transformarem em lágrimas de ódio. Não percebo. De facto, não quero perceber. Tento esquecer. Não consigo. Volto a tentar. Esqueço. Continuo andar. Ando. Ando. Até que, num banco de jardim, lá estava ele. Quem? Não sei. Mas era ele quem eu sempre procurara. Não o conheço. Mas sei que era ele. Jovem, pouco mais de 20 anos. Bonito e com um sorriso de criança que me fez sorrir, olhos doces, os dele. Voltei a ficar feliz e quando dei por mim, lá estava ele fixado em mim. Ficamos assim. Olhos nos olhos sem nada dizer. Não era preciso. Tudo dissemos com um simples olhar. Até que nos aproximamos e aí sim, falamos, falamos muito, falamos até ao anoitecer. Vimos o pôr-do-sol e nem se quer reparamos. Tudo parecera um sonho, afinal tinha acabado de o conhecer mas a sensação não era essa. Conhecera-o desde sempre. E ele a mim. Fomos para casa. E….
Acordei. Tu estavas, até porque, sempre estiveste. Não estava só. De jeito nenhum. Espreguicei-me e sorri, e por meros instantes fiquei assim, a sorrir. Estava feliz. Feliz? Sim, feliz.

segunda-feira, julho 05, 2004

Parabéns Grécia... Parabéns Portugal

“Nem só de golos se faz um campeão”.
E é verdade. Na minha opinião, à excepção do primeiro jogo, nomeadamente com a Grécia, Portugal esteve à altura de um autêntico campeão. Gostei de ver. Seria óptimo termos obtido o título, é verdade, mas com o Euro2004, Portugal teve tanta coisa boa. Portugal demonstrou ser um povo unido, e esse mesmo “povo” aprendeu a ter mais confiança e mais auto-estima. Em 2006 estamos lá. Mais confiantes, certamente.

Parabéns à Grécia. Mas, como não poderia deixar de ser, …parabéns Portugal !!!

domingo, julho 04, 2004

Amar por um Olhar

Olhos nos olhos.
Sem palavras. Sem acções.
Beijamo-nos intensamente
como se fosse a primeira vez.
Amamo-nos loucamente.
Uma paixão ardente
sobe subitamente pelo meu corpo
Um calor que me faz transpirar
um frio que me faz arrepiar.
Não quero parar.
Continua-me amar.
E beijamo-nos e voltamo-nos a beijar.
Paramos.
E olhamo-nos profundamente.
E ficamos assim:
eu nos teus braços
e tu nos meus.
Um amor divergente, o nosso.
Tu olhas-me. Eu olho-te.
E adormecemos.

sábado, julho 03, 2004

O não saber Amar

Sofro antecipadamente
na cama do amor
O tempo vai passando
e tudo,
tudo se vai desmoronando.
Lágrimas prateadas
de um amor sofrido
vão escorrendo no meu rosto
um rosto dolorido.
Sem tempo para amar,
sem tempo para sorrir
de cabeça rebaixada
as lágrimas continuam a cair.
Sofro. E continuarei a sofrer.
Nas mágoas da paixão.
Sem mais querer viver
a ti, meu amor,
te entrego o meu coração.

sexta-feira, julho 02, 2004

Nas mágoas da solidão

A solidão: uma das palavras mais aterrorizadoras e atroz na vida de uma pessoa. Mas depende. Tudo depende da forma como se encara essa “solidão”. Viver sozinho não é necessariamente sinónimo de solidão, de angústia. Há que saber viver. E, principalmente, saber estar bem com o nosso próprio “eu”. Há momentos em que por mais pessoas que estejam à nossa volta sentimo-nos sós, tristes, perdidos na multidão. Eu, por exemplo: adoro estar rodeada de gente, nomeadamente daqueles por quem eu tenho uma grande estima, por aqueles que admiro, mas há momentos em que sabe tão, mas tão bem estarmos sós, pensarmos, reflectirmos. Repito: há que saber viver. Sabe tão bem chegarmos a casa, ao sossego do nosso lar, aconchegante. Respirarmos fundo e sentir a paz que paira à nossa volta como também sabe bem chegar a casa e ouvirmos as tão maravilhosas gargalhadas daqueles de quem gostamos, para uns as gargalhadas dos próprios filhos para outros as gargalhadas da pessoa que para sempre nos vai acompanhar. A nossa mãe. Eu gosto de a ver sorri. Eu até gosto de ouvir as minhas próprias gargalhadas. Há quem me chame de louca. Mas se isto é ser-se louco, então eu quero morrer de loucura.

Está escuro.
Sinto-me só.
Procuro-me em toda a parte,
mas não me encontro.
Volto a procurar,
mas nada.
Nem um sinal.
Não quero estar só.
Ao mundo vou gritar para saberem da minha existência
E gritei,
mas não ouviram.
E voltei a gritar,
mas nada.
Nem um sinal.


Posso até viver sozinha, mas nunca me vou sentir só.

O começo de algo

Pensei. E voltei a pensar. Como havia eu de começar um blog? O meu blog.
Começar. Geralmente começar é sempre o mais difícil. E isso vem-se a comprovar no nosso dia-a-dia. Ficamos sempre hesitantes quando queremos começar algo. Avançamos? Não avançamos? Existe sempre uma dúvida constante se havemos ou não ir em frente. Mas isso, isso será para um outro dia, numa outra conversa. A verdade é que precisamente no momento em que parei de pensar na maneira como havia de começar, lembrei-me em escrever algo que gostasse. Sim. Nada melhor que começar com algo que gostamos. Eu gosto de escrever. Inventar. Sonhar. Junta-se isso tudo e constrói-se um poema. Bem ou mal construído. Mas constrói-se.

Ingénua. Com medo.
Nos teus braços me deitei
como se de uma criança se tratasse.
Insegura. Com medo.
Senti o teu calor.
Profundo.
Olhei-te e tu sorriste.
Envergonhada. Fechei os olhos.
E,
e dormi.

Poderia ter escrito um poema de abertura. Mas foi este que me surgiu neste preciso momento. Nada melhor que a simplicidade e que a espontaneidade. Digo eu. E pronto. Afinal até que não foi difícil começar. Sejam bem vindos a este pequeno cantinho. :)