terça-feira, dezembro 28, 2004

Anjo

Brilhas sem princípio nem fim
Sonhas no silêncio da noite
Despertas desejos e cores
Caminhas até mim
E originas novos amores

Nos teus lábios a delicadeza
Na tua voz a sensualidade
E, no teu olhar, a eterna doçura
Que faz acreditar,
Que esta vida é a eterna aventura

Permanece o silêncio.
Enaltece a voz do sonho
Que me faz crer,
Que me faz adormecer

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Um sorriso. Um beijo. Um FELIZ NATAL.

Os sinos tocam. As palavras são doces, ternas; todos transmitem mensagens de amor, paz e de muita saúde; todos mostram olhares de encanto e sorrisos despreocupados; todos mostram o quão são humanos, de corações nobres; todos fazem acções de louvar. Que bonito. Tudo perfeito. Tudo isto num só mês do ano. Tudo isto apenas numa época. Tudo isto feito forçosamente; porque parece bem; porque causa boa imagem. Mas, quem ajuda não precisa de dizer que o faz. E, porque não se vive só em Dezembro; não precisamos de amor, nem afecto, nem de tranquilidade, nem de saúde só em Dezembro; porque Dezembro não é o único mês do ano. A realidade é só uma: a dor existe; os olhares transmitem isso mesmo: tristeza; fome; luta. E, se somos grandes homens nesta singela época, a verdade, também, é que somos uns grandes monstros o ano inteiro.

(...)

Eu gosto do Natal. Já gostei mais, é certo. E, sou sincera quando digo que um dos grandes motivos para dizer que gosto desta época é estar com algumas das pessoas que tanto gosto; de estar quase um ano sem ver os meus queridos priminhos e chegar esta altura e de os encontrar. Torno-me muito criança. E, sinto-me feliz.

Que passem estes dias da forma como desejarem... e claro, da forma como puderem.
Deixo aqui o meu sorriso e um beijo terno a todos vós.
Desejo um Feliz Natal , que acima de tudo seja um Feliz Dia.

tenciono voltar, ainda este ano :D

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Mãe. Hoje. Sempre.

Abraça-me.
Acredita, em mim.
Sossega o meu sonho
Acalma a minha alma
Mente ao meu medo
Acredita, em mim.

Deixa-me dormir, hoje, amanhã e depois, contigo.
Deixa saber que serei sempre tua filha,
O teu sonho;
O teu motivo de luta, de conquista.
Deixa-me acreditar no teu olhar

Faz-me sorrir.
Oh, que ternura;
Que serenidade,
Que doçura, essa.

Quero-te aqui. Hoje. Sempre.
Necessito de ti. Hoje. Sempre.
És mulher.
És minha mãe e,
E eu gosto tanto de ti. Hoje. Sempre.

E porque a minha mamy faz hoje - dia 20 de Dezembro - aninhos... Parabéns, mãe! :)*

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Sombra

Não me reconheço,
não me entendo,
não me quero.

Desejo, em pensamento, o sono eterno
nego o outro lado do espelho
recuso o bater do coração.

Quero deixar de ser sombra
quero deixar de ser, apenas, voz.

É a eterna procura
de me tentar encontrar.

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Feliz Natal

Faltavam poucas horas para a noite de Natal. A casa estava cheia. As crianças estavam excitadíssimas, andavam numa grande correria, de trás para a frente com um sorriso malandro, um sorriso de quem tinha descoberto mais um presente. Estavam tão felizes... na verdade, toda a gente estava feliz. Naquele dia havia o chamado calor humano.

Queria sair, discretamente. Fui ao quarto dos miúdos, e estes brincavam. Na sala outros viam televisão ao mesmo tempo que outros conversavam; na cozinha lá estavam “elas” acabar todos os preparativos. Queria sair, precisava de arejar, e sentir o verdadeiro Natal... sozinha. Porém, aproveitava para comprar mais umas prendinhas, para mim também.
O João estava lindo, como sempre. Dei-lhe um beijo nos lábios e baixinho disse-lhe que iria sair, mas que já vinha.

Fechei, muito cuidadosamente, a porta. Pé ante pé, de olhar observador, lá ia eu: caminhando por aquelas ruas abaixo. As ruas estavam perfeitas e, ao contrário do que imaginava, estavam invadidas de pessoas. Senti-me um pouco perdida e, de repente, no meio daquela multidão, sai uma criança que vem ao meu encontro, salta para o meu colo e abraça-me. Foi um abraço tão forte, que fez com que uma lágrima caísse sobre o meu rosto. Arrepiei-me. O abraço foi longo, e, embora nunca a tivesse visto, foi um abraço sentido como se a conhecesse desde sempre. Lentamente separamo-nos. Ela agarrou-me nas mãos e pediu-me para ser sua mãe. Sem palavras, sorri, apenas. E, mais uma vez, abraçamo-nos.
Peguei na sua mãozinha, tão delicada, e caminhei com ela. Andámos por aquelas ruas, entrámos e saímos das lojas, saboreámos um delicioso gelado... e rimo-nos bastante. Chamava-se, a pequenita, Leonor. Tinha, apenas, três anos e um sorriso de encantar qualquer um. Os seus olhos eram castanhos, de uma doçura enorme. Os seus pais tinham morrido num acidente de viação, onde só a pequenita Leonor tinha sobrevivido. Como o amor dos seus pais era um amor proibido ninguém quis a criança. Eu adorava ser mãe, e, agora, aos vinte anos, tinha encontrado a filha perfeita.
As horas tinham passado a correr e eu nem me tinha dado conta. Fomos, as duas, para casa.

A Leonor estava receosa, tremia um bocadinho. Dei-lhe um beijo, para se acalmar. Entrámos, e ninguém deu pela nossa chegada. Como eu queria, uma saída, e agora, uma entrada perfeita, com a máxima das descrições. Levei-a para o quarto, os miúdos continuavam a brincar e sem que me desse conta lá estava a Leonor a brincar com eles, também. Sorri.

Estava tão feliz que me tinha esquecido, por momentos, do João. O João adorava crianças e um dia confessou-me: “ Sonho em ter uma casa enorme, só nossa. Sentir a felicidade dia a pós dia. Entrar naquela casa onde se respira vida, onde tudo é perfeito. Chegar de um dia cansado e de poder sorrir por ver os nossos muitos filhos a correr pela casa, felizes. Sonho em olhar para o teu rosto, de o ver todos os dias; sonho em morrer bem velhinho... junto de ti.” Impossível esquecer todas estas palavras. E hoje, mais que nunca, lembrei-me delas.
Tinha a certeza que ele iria adorar a Leonor, e que quereria ser seu pai. Mas, mesmo assim, tinha um pouco de receio.
O João, levantou-se do sofá, olhou-me nos olhos e apercebeu-se que estava preocupada. Peguei-lhe na mão e levei-o para o quarto, apontei para a Leonor, esta vendo-nos de mãos dadas correu para o João e de sorriso no rosto disse espontaneamente “és tu que vais ser o meu pai?”. Corei e fiquei sem saber o que dizer. Sem dar tempo para que alguém respondesse lá foi ela, de novo, brincar.

A reacção do João foi melhor do que esperava, hoje, sentia-se mais feliz do que nunca. Mas as novidades não acabavam por aqui.

Após termos convencidos os mais pequenos a deixarem, por momentos, a brincadeira e irem jantar, juntamo-nos todos. Sentaram-se todos, eu e o João mantivemo-nos em pé e demos a belíssima notícia de que iria passar a haver mais um membro na família. Após a apresentação da Leonor como sendo nossa filha, sentei-me. O João deixou-se ficar em pé. Estranhei. Do bolso tirou uma linda caixinha azul escura, perante a família toda pediu-me em casamento. Corei imenso, acho até que nunca na vida tinha corado tanto mas a verdade, também, é que nunca tinha sido tão feliz na minha vida. As crianças riam imenso, achando que aquilo tudo era brincadeira. Agora, mais uma vez, era minha altura de surpreender tudo e todos. Levantei-me. De sorriso e olhar cúmplice comecei o meu discurso. Comecei por dizer o quão me sentia única , por ter a Leonor junto de mim, o quão me sentia nas nuvens pelo pedido de casamento, do João. E, o quão me sentia completa por estar grávida. Foi rápido o discurso, até porque nunca tive muito jeito para isso. Para além das crianças que continuavam com risinhos próprios da idade, as pessoas à minha volta, aquelas que eu tanto amava, amigos, familiares... ficaram comovidos, eufóricos com todas as notícias e simplesmente deslumbrados com tudo. Afinal, a minha felicidade era a deles.

Tirámos imensas fotografias e, a última, ficou linda. Eu e o bebé que tinha dentro de mim, a Leonor, no meio, e o João ao seu lado. Um quadro perfeito.

Meia noite e tudo acabou. A alegria do convívio tinha chegado ao fim, agora, a alegria era outra, era aquela de saber se o Pai-Natal tinha realmente trazido os presentes que eles – os mais novos – tinham pedido nas suas ingénuas e enormes cartas.

Este, este era sem dúvida o melhor Natal de sempre.
E, e o começo de uma nova vida...

sexta-feira, dezembro 03, 2004

Pausa

Não há nada para escrever:
Nem mentiras; nem sonhos. Nada!
Ficam apenas os sons;
as notas musicais que nos acompanharam.
Hoje não vou escrever.
As palavras descansam e eu...
eu vou deitar-me naquele canto que me pertence.
Ficarei assim: deitada. Vagueando em momentos passados.
Não, não vou pensar em ti.
Hoje, pelo menos hoje, vou deixar-me dormir...