Sempre que se sente triste tem a necessidade de colocar umas certas e determinadas músicas... O pior é que essas mesmas músicas são demasiado mágicas, fazendo com que fique mais calma, mas também se sinta mais triste e pensativa. E quando começa a pensar… a pensar… deixa-se cair numa melancolia enorme que a consome por dentro. É inevitável não pensar nele. Ele é-lhe importante, mesmo que ela já não o ame. Mas, mesmo assim, ele continua a ser muito especial. É mágico, também, como as músicas.
E, de repente, vê-se a transcrever tudo aquilo que sente numa folha de papel já usada.
És-me importante, bolas! Essencial. Mesmo que o que sinta por ti já não seja tão divino, continuo achar que preciso pensar em ti para viver. Não quero que este amor – que na verdade já não existe – seja obsessivo. Mas... Eu preciso de ti. Compreendes?! Preciso de estar contigo.
Eu é que, na verdade, já não compreendo nada. Não compreendo esta necessidade de amar e de sofrer.
Temos culpa de amar? Diz-me. Tenho culpa de me ter apaixonado por ti e, por mais que queira, não consigo tirar-te dos meus pensamentos? Tu não respondes e eu acredito que sim, que tenho culpa de tudo o que me possa acontecer. Pensas que não sofro com isto tudo? Pensas que só não grito a todo o mundo que já não te amo, porque não quero assumir que te deixei de amar, que te perdi mesmo que nunca te tenha tido na realidade? Talvez estejas certo e seja mesmo isso que está acontecer. Talvez a única confusão que de momento existe é mesmo essa: o não crer admitir que já não te amo, que já não necessito de ti de maneira depressiva e eterna.
As lágrimas já caiem com dificuldade, já não têm a mesma força de há um tempo atrás. Tento acreditar que isso é bom, mas, a verdade, é que não me sinto bem de nenhuma forma. Não me sinto bem dizendo que te amo e não me sinto bem dizendo que o meu coração está de novo livre...
São cruéis estes sentimentos. É cruel esta idade...
Não se atreve a ler o que escreveu. Amachuca o papel e, num acto de fúria, atira-o para o chão.
Coloca a música do início, deita-se na cama e agarra-se à sua almofada. Fecha os olhos. E adormece enquanto que, inevitavelmente, as lágrimas continuam a cair...